Estação
Graciane Daniela Matias
Schuster
Ciências Biológicas
Sentada à janela, eu olhava o
trem que chegava à estação e imaginava quanta história havia pra contar aquele
trem que viajava dia e noite sem parar.
Ele percorria um longo caminho,
acolhendo e deixando os passageiros nas estações, passageiros estes que muitas
vezes estavam de viajem, ou que o utilizavam para o percurso do trabalho,
passageiros que traziam consigo várias bagagens e às vezes tão pouco, mas que
eram carregados de diversos sentimentos.
Um senhor de barbas compridas e
grisalhas, sempre aguardava na estação o trem que partia ao meio dia, sem levar
bagagem alguma e com o semblante sempre triste.
Até que um dia ele apareceu com
um buquê de rosas brancas, embrulhado num papel rosa de tom bem suave, mas o
que mais chamou minha atenção foi que, diferentemente dos demais dias, trazia
consigo um semblante suave e tranquilo.
Eu trabalhava de segurança na
estação. Ao vê-lo com o buquê não me contive e o indaguei sobre o motivo da
felicidade que trazia em seu rosto.
O Senhor me respondeu que aquele
era um dia especial, pois sua esposa, que estava há um ano em coma no hospital,
havia recebido alta.
Felicitei-o, pois apesar da idade
avançada, todos os dias não se esquecia do amor da sua vida, fazia sempre o
mesmo trajeto para visitá-la no hospital, mesmo que ela não pudesse vê-lo ou tocá-lo, e ele me surpreendeu com sua
resposta.
Ele disse que jamais deixaria sua
enfermidade lhe tirar as boas lembranças da sua esposa e que não importava se
ela saberia de seus esforços, mas sim, o que importava para ele é que ele sabia
o que ele estava fazendo por ela.
Dito isso ele entrou no trem e
seguiu viagem, enquanto eu fiquei a divagar sobre esta e outras histórias que
aquele mesmo trem levava consigo sem saber.