terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A Ética do Cotidiano e Seus Moldes à Sociedade
                        
Anna Cecília de Oliveira Silva[1]
Edcarlos das Mercês Silva[2]
Joyce Mara Delprá Cachulo[3]

Dentro da ética há vários seguimentos, como ética específica para cada profissão, entre outras, porém todos os tipos de éticas tratam diretamente do comportamento do ser humano, assim, ela fornece os moldes para a sociedade de acordo com a cultura de cada local, e a partir disso criam-se leis que regem as ações do corpo social. A ética disciplina as ações morais das pessoas, causando reflexão. Com uma boa compreensão da moral conflitos e dilemas sociais podem ser resolvidos.  A ética é aprendida conforme o meio cultural em que se vive,  em casa, na escola e nas diversas interações sociais que ocorrem no decorrer da vida. A ética mais delicada ao ponto de vista humanista é a ética na área da saúde em que o profissional está lidando constantemente com pessoas geralmente fragilizadas ou situações delicadas de pesquisas, testes de medicamentos para avanços da medicina, entre outras situações nas quais a ética é extremamente necessária.

Vivemos em um mundo onde muito se fala e pouco se pratica a ética do cotidiano. É preciso ter em mente que a ética deve pautar todas as ações de um ser humano. Existem regras estabelecidas e necessárias à atuação profissional, mas a ética da vida é muito mais que isto e fundamenta-se em atos regulados pelos costumes, pela tradição e pela cultura dos povos.
 A ética deve disciplinar as intenções e as escolhas morais das pessoas. Neste contexto, passa-se a ter uma visão de mundo argumentada e reflexiva. Através de uma competência ética adquirida, poderemos encontrar resoluções de dilemas e conflitos, tendo como base a discussão dos seus valores. Estes valores são constituídos pelo preferível, pelo desejável, pelo objeto de uma expectativa normativa.  
Os conteúdos éticos devem fazer parte da formação das pessoas, sendo apresentados de modo consensual e objetivo, de modo disciplinado na sua abordagem e em consonância com o pluralismo moral da sociedade. A transmissão desses princípios deve acompanhar uma pessoa durante toda a sua vida, especialmente nos primeiros anos, em casa junto à família, na escola, no dia-a-dia das suas atividades, quando devem ser sempre lembrados e praticados. Esses conteúdos também podem ser ensinados em cada curso, de forma didática, ou ser adquiridos por meio de materiais de leitura. Um obstáculo à formação ética é o absolutismo moral, que implica a existência de uma verdade prévia, o relativismo moral, no qual tudo pode ou tudo é relativo, e a inexistência de instrumentos de avaliação da competência ética.
 É parte integrante do cotidiano das pessoas a existência de acordos e contratos a serem estabelecidos para o exercício de qualquer atividade profissional ou da vida diária. O cumprimento destas normas é inerente à ética do compromisso, que é fundamentada na noção da responsabilidade. Entretanto, frequentemente se tem conhecimento de posturas e de ações de pessoas ou grupos que agem de modo a transgredir a ética em todos os sentidos, chegando, por vezes, a atingir o nível da infração às leis e aos costumes. Mais grave ainda é a impunidade destas pessoas. Os pequenos deslizes e delitos podem ser eventualmente, o início de uma escalada que pode se transformar numa onda crescente de desrespeitos e violência.
 Entrando em alguns exemplos sobre a ética profissional, a mais delicada é na área da saúde, sempre presente nas relações do profissional com o seu paciente, pela prática do humanismo. Até mesmo na pesquisa científica, usando o homem ou o animal, a bioética deve regular as diversas etapas da investigação experimental ou clínica e a sua aplicabilidade.
A bioética usa o conhecimento biológico e os valores humanos como componentes para uma prática adequada. Se a ética impõe e é submetida a regras ou códigos que disciplinam a atividade profissional, a bioética se baseia no comportamento do profissional frente a várias situações, como a própria atividade e a pesquisa científica.
Para disciplinar todas as pesquisas realizadas em seres humanos foram criados, por orientação do Ministério da Saúde, os Comitês de Ética. Eles devem ser colegiados multidisciplinares, pois têm como objetivo analisar se o projeto apresentado encontra-se dentro dos padrões bioéticos vigentes. São importantes para garantir o respeito à dignidade humana naquelas pessoas submetidas a uma investigação científica, sem, contudo, criar dificuldades ao desenvolvimento da ciência. O consentimento informado é obrigatório em qualquer intervenção no ser humano, tanto na investigação clínica, como na conduta terapêutica ou na pesquisa científica. Trata-se do conhecimento detalhado do que vai ser praticado, afim de que a pessoa tenha condições de dar sua permissão.
Com o avanço científico e tecnológico, cada vez mais surgem situações em que o profissional deve decidir condutas relacionadas ao paciente. Por vezes são decisões que não existiam outrora, como o prolongamento artificial da vida, a reprodução assistida, as terapêuticas gênicas, entre outras.
E é diante dessas novas e delicadas situações que o profissional recorre, na maioria das vezes, ao Principialismo (Beauchamp e Childess, 1979) e suas quatro prima facie: Beneficência, Não-maleficência, Respeito à Autonomia e Justiça.
Os princípios da Beneficência e da Não-Maleficência andam juntos: fazer o bem e não fazer o mal; este último muitas vezes interpretado apenas no fazer o mal intencionalmente, mas deve-se ter em mente que há ocasiões em que se deseja tanto fazer o bem que os fins não justificam os meios, como por exemplo, no caso de submeter um paciente a tratamentos extremamente dolorosos com o objetivo da cura a todo custo, e que pode não ser garantida.
O princípio da Autonomia leva em conta a capacidade de uma pessoa de decidir, ou de buscar, aquilo que ela julga ser o melhor para si mesma, de acordo com seus valores e convicções; e cabe ao profissional da saúde respeitar essa autonomia do seu paciente, mesmo que essa postura implique no não tratamento que o paciente necessita, por exemplo.
Por fim o princípio da Justiça tem uma abrangência mais social, e se expande apenas do contexto das relações entre o profissional e o paciente, estando mais associado com as relações entre os grupos sociais, preocupando-se com a igualdade na distribuição dos bens e recursos considerados comuns, e na igualdade da oportunidade e do acesso a esses bens.
Os conhecimentos bioéticos, portanto, são indispensáveis à atuação do profissional. Seria muito bom também, que na vida cotidiana a ética e a bioética fossem praticadas de modo espontâneo, pois faria a convivência entre as pessoas ser mais fácil, e a atuação de cada um mais respeitosa com relação ao outro e às instituições sociais.
“Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo invisível.” (Mahatma Gandhi).


BIBLIOGRAFIA:

G. José Roberto. Bioética: Origens e Complexidade. Revista HCPA. 2006. Nº 26. P 86-92.

K. Magda Santos, M. Rosani Ramos, C. Elaine. Ética e Bioética: Para dar Início a Reflexão. Contexto Enfermagem 2005. Jan-Mar nº 14. P 106-110.

L. Jussara A. Princípios da Bioética. Temas de Pediatria Nestlé. 2002. Nº 73. P 12-19.

H. Thistram, Engelhardt. The Foundations of Bioethics. 2ª Edição. Nova Iorque. 1996.
R. Nunes Cássia Regina, P. Nunes Amauri. Bioética. Revista Brasil Enfermagem. Brasília – DF. 2004.
B. Vilmar, C. Francisco, G. Ricardo, P. Marcos, S. Hermann. Debate Bioética: Um Ponto de Encontro. Manguinhos. Volume I. 1994.





[1] Estudante do Curso de Ciências Biológicas – UNIP Campus Jundiaí.
[2] Estudante do Curso de Ciências Biológicas – UNIP Campus Jundiaí
[3] Estudante do Curso de Ciências Biológicas – UNIP Campus Jundiaí

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