A
Ética do Cotidiano e Seus Moldes à Sociedade
Anna Cecília de Oliveira
Silva[1]
Edcarlos das Mercês Silva[2]
Joyce Mara Delprá Cachulo[3]
Dentro da ética há vários seguimentos, como ética específica para cada profissão, entre
outras, porém
todos os tipos de éticas
tratam diretamente do
comportamento do ser humano, assim, ela fornece os
moldes para a sociedade de acordo com a cultura de cada local, e a partir disso
criam-se leis que regem as ações do corpo social. A ética disciplina as ações
morais das pessoas, causando reflexão. Com uma boa compreensão da moral
conflitos e dilemas sociais podem ser resolvidos. A ética é aprendida conforme o meio cultural
em que se vive, em casa, na escola e nas
diversas interações sociais que ocorrem no decorrer da vida. A ética mais
delicada ao ponto de vista humanista é a ética na área da saúde em que o
profissional está lidando constantemente com pessoas geralmente fragilizadas ou
situações delicadas de pesquisas, testes de medicamentos para avanços da
medicina, entre outras situações nas quais a ética é extremamente necessária.
Vivemos em um mundo onde muito
se fala e pouco se pratica a ética do cotidiano. É preciso ter em mente que a
ética deve pautar todas as ações de um ser humano. Existem regras estabelecidas
e necessárias à atuação profissional, mas a ética da vida é muito mais que isto
e fundamenta-se em atos regulados pelos costumes, pela tradição e pela cultura
dos povos.
A
ética deve disciplinar as intenções e as escolhas morais das pessoas. Neste
contexto, passa-se a ter uma visão de mundo argumentada e reflexiva. Através de
uma competência ética adquirida, poderemos encontrar resoluções de dilemas e
conflitos, tendo como base a discussão dos seus valores. Estes valores são
constituídos pelo preferível, pelo desejável, pelo objeto de uma expectativa
normativa.
Os conteúdos éticos devem
fazer parte da formação das pessoas, sendo apresentados de modo consensual e
objetivo, de modo disciplinado na sua abordagem e em consonância com o
pluralismo moral da sociedade. A transmissão desses princípios deve acompanhar
uma pessoa durante toda a sua vida, especialmente nos primeiros anos, em casa
junto à família, na escola, no dia-a-dia das suas atividades, quando devem ser
sempre lembrados e praticados. Esses conteúdos também podem ser ensinados em
cada curso, de forma didática, ou ser adquiridos por meio de materiais de leitura.
Um obstáculo à formação ética é o absolutismo moral, que implica a existência
de uma verdade prévia, o relativismo moral, no qual tudo pode ou tudo é
relativo, e a inexistência de instrumentos de avaliação da competência ética.
É parte integrante do
cotidiano das pessoas a existência de acordos e contratos a serem estabelecidos
para o exercício de qualquer atividade profissional ou da vida diária. O
cumprimento destas normas é inerente à ética do compromisso, que é fundamentada
na noção da responsabilidade. Entretanto, frequentemente se tem conhecimento de
posturas e de ações de pessoas ou grupos que agem de modo a transgredir a ética
em todos os sentidos, chegando, por vezes, a atingir o nível da infração às
leis e aos costumes. Mais grave ainda é a impunidade destas pessoas. Os pequenos
deslizes e delitos podem ser eventualmente, o início de uma escalada que pode
se transformar numa onda crescente de desrespeitos e violência.
Entrando em alguns
exemplos sobre a ética profissional, a mais delicada é na área da saúde, sempre
presente nas relações do profissional com o seu paciente, pela prática do
humanismo. Até mesmo na pesquisa científica, usando o homem ou o animal, a
bioética deve regular as diversas etapas da investigação experimental ou
clínica e a sua aplicabilidade.
A bioética usa o
conhecimento biológico e os valores humanos como componentes para uma prática
adequada. Se a ética impõe e é submetida a regras ou códigos que disciplinam a
atividade profissional, a bioética se baseia no comportamento do profissional
frente a várias situações, como a própria atividade e a pesquisa científica.
Para disciplinar todas as
pesquisas realizadas em seres humanos foram criados, por orientação do
Ministério da Saúde, os Comitês de Ética. Eles devem ser colegiados
multidisciplinares, pois têm como objetivo analisar se o projeto apresentado
encontra-se dentro dos padrões bioéticos vigentes. São importantes para
garantir o respeito à dignidade humana naquelas pessoas submetidas a uma
investigação científica, sem, contudo, criar dificuldades ao desenvolvimento da
ciência. O consentimento informado é obrigatório em qualquer intervenção no ser
humano, tanto na investigação clínica, como na conduta terapêutica ou na
pesquisa científica. Trata-se do conhecimento detalhado do que vai ser
praticado, afim de que a pessoa tenha condições de dar sua permissão.
Com o avanço científico e
tecnológico, cada vez mais surgem situações em que o profissional deve decidir
condutas relacionadas ao paciente. Por vezes são decisões que não existiam
outrora, como o prolongamento artificial da vida, a reprodução assistida, as
terapêuticas gênicas, entre outras.
E é diante dessas novas e
delicadas situações que o profissional recorre, na maioria das vezes, ao
Principialismo (Beauchamp e Childess, 1979) e suas quatro prima facie: Beneficência, Não-maleficência, Respeito à Autonomia e
Justiça.
Os princípios da Beneficência
e da Não-Maleficência andam juntos: fazer o bem e não fazer o mal; este último
muitas vezes interpretado apenas no fazer o mal intencionalmente, mas deve-se
ter em mente que há ocasiões em que se deseja tanto fazer o bem que os fins não
justificam os meios, como por exemplo, no caso de submeter um paciente a
tratamentos extremamente dolorosos com o objetivo da cura a todo custo, e que
pode não ser garantida.
O princípio da Autonomia
leva em conta a capacidade de uma pessoa de decidir, ou de buscar, aquilo que
ela julga ser o melhor para si mesma, de acordo com seus valores e convicções;
e cabe ao profissional da saúde respeitar essa autonomia do seu paciente, mesmo
que essa postura implique no não tratamento que o paciente necessita, por
exemplo.
Por fim o princípio da
Justiça tem uma abrangência mais social, e se expande apenas do contexto das
relações entre o profissional e o paciente, estando mais associado com as
relações entre os grupos sociais, preocupando-se com a igualdade na
distribuição dos bens e recursos considerados comuns, e na igualdade da
oportunidade e do acesso a esses bens.
Os conhecimentos bioéticos,
portanto, são indispensáveis à atuação do profissional. Seria muito bom também,
que na vida cotidiana a ética e a bioética fossem praticadas de modo
espontâneo, pois faria a convivência entre as pessoas ser mais fácil, e a
atuação de cada um mais respeitosa com relação ao outro e às instituições
sociais.
“Um homem não pode fazer o
certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A
vida é um todo invisível.” (Mahatma Gandhi).
BIBLIOGRAFIA:
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HCPA. 2006. Nº 26. P 86-92.
K. Magda Santos, M. Rosani
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H.
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R. Nunes Cássia Regina, P.
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B. Vilmar, C. Francisco, G.
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