Banana
para o racismo
Beatriz
Aparecida da Silva[1]
É um dos temas
mais badalados nos dias de hoje, portanto a palavra “racismo” não é indiferente
à grande maioria das pessoas. O racismo protagonizado por muitas pessoas é uma
realidade inegável, que acaba por afetar toda a gente, embora às vezes de forma
indireta.
Afinal, o que é
o racismo? Em minha opinião, o racismo não passa de um preconceito, que levado
ao exagero pode comportar graves consequências. No fundo, o racismo é um modo
de pensar onde é dada grande relevância à existência de raças humanas
diferentes e superiores umas das outras, enaltecendo-se as diferenças
biológicas existentes entre os seres humanos.
O racismo é uma das manifestações
sociais mais cruéis, de modo que por longos anos matou, julgou e marginalizou
um grupo de pessoas em decorrência da “superioridade” de uma raça em relação a
outra. O maior exemplo disso foi a escravidão. Ainda hoje, vive-se constantes
manifestações de ódio ao negro e aos afrodescendentes. E a maior manifestação
do racismo ainda é a estatística.
É inegável que o racismo seja uma
violação dos direitos humanos, e, portanto deve ser combatido como tal. No
entanto, no Brasil, por exemplo, as recorrentes práticas criminosas, trata-se
de crime imprescritível e inafiançável, tornou-se corriqueira. Não é possível
dizer se aumentou, pois outrora a disseminação era menor em face dos meios onde
se propagava tal crime. Até pouco tempo, a internet, principal veículo usado
pelos racistas, era de pouco alcance, entretanto, diante do avanço tecnológico
e da acessibilidade é possível perceber ações delituosas, o que nos leva a crer
no seu aumento.
O fato é que ações racistas ainda
matam, marginalizam e excluem indivíduos devido a suas características físicas
ou etnias. Sabe-se que desde a fundação do Brasil, estes povos foram usados
como mão de obra barata, muitas vezes massacrados e violentados de forma brutal
por seus “donos”, como se intitulavam os que os compravam. Mas, também foram e
ainda são, vítimas de seus congêneres. Muitos negros conforme a história,
também, possuíam seus escravos, assim como, batiam e desprezavam os seus. Hoje
não é diferente, mudou-se apenas o enredo e o cenário, mas ainda é prática
recorrente um negro taxar, rebaixar e rotular outro. Não bastasse toda
discriminação vivida pela “raça branca”.
O Brasil é um país multirracial,
não gosto da expressão raça, pois me parece irracional classificar uma única
espécie como se fossem animais cuja qualidade se mede pela raça x ou y, mas, é
usual. Nossa sociedade é formada por uma mistura pouco vista em outros cantos
do mundo. Mas, as estatísticas revelam que apenas 52% dos brasileiros são
negros. Ou seja, na prática estamos omitindo o nosso gene, a nossa tão aclamada
raça, portanto, sendo racista, preconceituosos ou discriminantes. É estarrecedor
imaginar um país construído nas costas do negro, onde esbarramos a todo tempo
num negro, dizer que apenas pouco mais da sua população é negra. Se o próprio
indivíduo tem problemas para reconhecer sua cor, como exigir dos demais
respeito? Embora este seja elemento fundamental a qualquer tempo, e recorrente,
independente de para quem se dirija. É surreal querer combater um crime
sendo omisso ou contribuindo, ainda que, indiretamente para a execução
dele.
Recentemente, uma onda de #somos
todos Maju circulou pelo Facebook e outras redes sociais em manifestação e
repúdio a ações racistas contra a jornalista, no entanto, essas mesmas práticas
não ocorrem quando se trata do porteiro, da doméstica, do segurança entre
outros. Onde estamos e como agimos ao ver, por exemplo, uma criança, um idoso,
ou as categorias citadas anteriormente e outras, serem ofendidas? É como se
fossemos (ou somos) racistas que só se posicionam quando o assunto é de
repercussão nacional e, o que está nos bastidores morre lá.
O combate ao racismo, ao
preconceito e discriminação é complexo, porque muitas vezes faltam provas ou a vítima
se omite face ao poder do agressor. Mas, pequenas ações podem ajudar, embora
não acabe, pois se trata de um problema naturalizado e enraizado no país. No
entanto, a conscientização dos indivíduos, neste caso compete às ações
escolares, sociais e midiáticas, podem contribuir para a identificação racial
do “sujeito”, assim como para a aceitação daquela e desse modo, fazer com que
as pessoas entendam que não somos uma ‘raça pura’ como pregava Hitler. Se cada
um decidir vascular os cantinhos dos seus antepassados verá que é fruto de uma
belíssima mistura e, portanto, que o respeito à diversidade racial é importante
para conservar a memórias dos seus ancestrais e os direitos daqueles que aqui
estão.
O mais importante nessa luta é o
respeito. Sejamos tolerantes e conservemos os direitos alheios para que o nosso
também seja respeitado.
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