sábado, 31 de maio de 2014



“ROLEZINHO” OU APARTHEID SOCIAL?

Pâmela Cunha Palharin            
Publicidade e Propaganda
UNIP Jundiaí

O “rolezinho” era pra ser só um passeio em shopping entre adolescentes de mesma tribo, mas tornou-se assunto constante na mídia e causou espanto em toda população brasileira. O assunto principal, desse “fenômeno”, nos jornais e revistas foram os arrastões e “muvucas” que jovens vindos da periferia estavam querendo causar, quando, na verdade, esses mesmo jovens são vitimas de apartheid social e racial (preconceito) causado pela sociedade em que vivemos.



Todo adolescente, independente da cor, da religião, da tribo e do lugar aonde mora, quer sair e curtir com os amigos. Uns gostam de ir a festas, outros de ir a baladas e shows, e outros, gostam de ir a shoppings. O que não se torna diferente para os jovens que participam dos famosos “rolezinhos”. Atualmente, esse termo, tem ganhado bastante espaço na mídia causando espanto e preocupação na população. Segundo algumas pessoas em entrevistas para jornais e revistas o “rolê” não é uma forma de diversão e lazer para os jovens de periferias, mas sim, uma maneira de causar tumulto e arrastões em shoppings por todo o Brasil. Procurando, então, ouvir os dois lados, o blog IG, entrevistou um desses “rolezeiros” para saber o que, de fato, são os “rolezinhos” e o que esses adolescentes querem mostrar para a sociedade.

Na entrevista para o Blog um desses participantes afirmou que o rolezinho não é pra roubar e fazer “muvuca”, e sim, para ostentar e conhecer pessoas novas. “Eu não concordo com quem vai para arrastar e roubar. Isso é coisa de trombadinha. Eu mesmo, curto a minha ficando com as menininhas”, disse J.E., 16, que preferiu não se identificar. O adolescente disse, ainda, que não vai aparecer em outros, pois tem medo de parar na delegacia por ser considerado um “trombadinha favelado” como foram chamados os outros.

Analisando a situação, desse ponto, percebe-se que o “evento” que na verdade era só lazer tomou outras proporções na mídia e causou espanto em muitas pessoas, isso tudo, porque 3 mil jovens da periferia decidiram ir ao shopping em um sábado à tarde. Esse espanto não se dá aos “3 mil jovens”, mas sim, a palavra “periferia”. Talvez, se fossem jovens quaisquer, de uma classe mais alta, os lojistas e administradores do shopping não teriam fechado suas portas com medo de serem roubados. Apesar do acontecimento de alguns roubos, adolescentes da periferia que não estavam roubando ou mostrando sinais de violência, foram proibidos de entrar em lojas e permanecer dentro do shopping.

O que nos leva, ainda, a pensar em outro fator é que a maioria desses jovens quer “ostentar” e só fazem uso de roupas, calçados e acessórios de marcas, o que contribui muito para o lucro e economia de alguns lojistas, e até mesmo, do país. Desse ponto pode-se questionar: por que proibir jovens que contribuem para a economia de um todo entrar em shoppings e consumir do fruto do capitalismo? Alguns sociólogos já deram a respostas: isso tudo faz parte do que podemos chamar de apartheid social e racional que se trata de preconceito e racismo contra quem é pobre, em alguns casos, negro. A interligação desses pontos todos se dá ao fato de que “shopping”, para alguns, é um lugar de lazer e conforto para famílias, porém, famílias ricas que têm dinheiro e “bom comportamento” para frequentar lugares assim.

Em vista de todo esse “fenômeno” vemos que as pessoas ainda se comportam de forma preconceituosa em relação a acontecimentos desse tipo. É possível, ainda hoje, ouvir frases como: “não frequento aquele local, porque lá é lugar de pobre. Vamos para um lugar com a nossa cara.” ou “detesto aquele lugar, só vai rale.”. Analisando, mais uma vez, o acontecimento surge outra questão: será mesmo que cada classe social tem seu tipo de lugar determinado para frequentar? Ou ainda, que determinismo é esse que nos rodeia? Várias perguntas surgem ao vermos esse “evento” de outros pontos de vista e devemos sempre nos perguntar se existe mesmo esse “determinismo” e identificarmos esse apartheid social que faz parte da nossa sociedade, pois, apesar dos roubos que houveram nesse “rolezinho”, muitos jovens ali queriam só diversão, curtição e se tornar “visível” para a sociedade que tanto despreza sua cultura, moradia e educação.

JUSTIFICATIVA

Fiz a escolha desse tema por ser algo que está em nossa sociedade todos os dias. Percebo que as pessoas, ainda, fazem uso de estereótipos para julgar e pensar a respeito de tal classe social e/ou tribos. Faltando com respeito referente à cultura, moradia, inteligência e outros aspectos com determinados tipos de pessoas. Analisei, também, que a população faz muito uso de determinismo social, no qual a pessoa que não tem “cultura” nenhuma deve frequentar só um lugar, não tendo o direito para conhecer outros.


BIBLIOGRAFIA

Rouchet, Renê in: http://www.midiapublicitaria.com – disponível em http://www.midiapublicitaria.com/do-funk-ostentacao-aos-rolezinhos/ - acesso em 20/03/2014.

De Souza, Michael in: http://www.filosofonet.wordpress.com  - disponível em http://filosofonet.wordpress.com/2014/01/25/os-rolezinhos-segregacao-e-apartheid-social/ - acesso em 20/03/2014.

Borges, Altamiro in: http://www.altamiroborges.blogspot.com.br – disponível em http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/01/rolezinho-e-apartheid-nos-shoppings.html - acesso em 20/03/2014.

Preite Sobrinho, Wanderley in: http://www.ultimosegundo.ig.com.br – disponível em http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-01-10/rolezinho-no-shopping-e-para-pegar-mulher-diz-participante.html - acesso em 20/03/2014.









Nenhum comentário:

Postar um comentário