domingo, 1 de novembro de 2015

A espera do meu amor

Patrícia Norbiatto, Ciências Biológicas

         Sentada na minha janela eu vejo o trem chegar, então me lembrei do dia que marcou a minha vida para sempre.
O trem havia parado na primeira estação e desci correndo pela pequena estrada de terra em meio ao jardim de minha casa para aguardar a chegada tão esperada do meu amor.
         Fiquei um bom tempo na porta do vagão, até o último passageiro descer, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver que a pessoa que aguardei por tantos e tantos anos não havia descido mais uma vez. A dor no peito era tão forte que ali mesmo sentei e observei a partida do trem, até que ele sumisse pelas altas montanhas verdes e cobertas de neblina. Então subi correndo para minha casa e depois de tanto refletir, arrumei as malas, fechei a porta e as janelas da pequenina casa onde morei a vida toda e fui para a estação.
        Depois de tanta decepção, de ficar esperando a chegada de alguém que jamais retornava, a decisão de partir à procura de uma vida nova já havia tomado conta da minha mente.
Era noite, já podia ouvir o barulho do trem se aproximando. Com a parada do trem, juntei minhas malas e fui embarcar. Mas, de repente, surgiu uma voz distante e ao mesmo tempo conhecida, em meio a várias pessoas, dizendo "Meu amor, espera, estou aqui". Olhei rapidamente para trás e avistei aquela pessoa que esperei por tanto tempo jogando suas malas no chão e correndo em minha direção. Minhas pernas ficaram bambas, senti um nó na garganta e borboletas no estômago, ao sentir aquele abraço apertado e aquele beijo.
       Foi naquele momento, em seus braços, que pude me sentir segura, pude ver que mesmo depois de anos e anos o nosso amor permanecia tão forte quanto no primeiro dia.

Então ficamos juntos de janeiro a janeiro, e sua partida não aconteceu nunca mais.

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