domingo, 1 de novembro de 2015

Pela janela da vida
Jhúlia Lopes. Ciências Sociais

Sentada na minha janela eu vejo o trem chegar. Ele vem mais cheio do que nunca, dele descem pessoas, e cada uma delas leva consigo sua bagagem e com ela a sua história para contar, assim como eu também carrego a minha, e você a sua, seja ela feliz ou triste, sempre temos algo para contar!
Eu não sei classificar a minha história, ela teve seus momentos de tristeza, quando decidi desistir de tudo, mas ao mesmo tempo em que coisas ruins aconteciam, eu recebia coisas maravilhosas, como se de algum jeito me incentivassem a não desistir.
Eu sou médica, e por passar muito tempo em hospitais, acabo aprendendo todos os dias com meus pacientes e colegas de trabalho. Tenho situações difíceis no trabalho, como por exemplo, decidir em poucos segundos o que fazer com um paciente em estado grave, e as consequências disso pode levá-lo a óbito. É claro que também tem o lado bom disso, é extremamente gratificante poder salvar vidas e ajudar quem mais necessita.
Em um dia cheio na emergência, no qual o caos tomava conta do lugar, logo após uma balsa naufragar, eu tinha que fazer o meu trabalho corretamente e o mais rápido que conseguisse, já que a cada minuto que passava a nossa unidade de trauma ficava mais cheia. E é lá, em meio a confusão que mais uma vez reflito: Qual é a história de todos os que passam por aqui? Eu vejo o desempenho dos meus colegas ao tratar cada paciente, que por sua vez está desesperado, procurando por seus filhos, cônjuges ou pais, e não se dão conta de seu estado, por mais crítico que possa vir a ser.

Com esse pensamento eu me desligo de tudo que está ao meu redor e prometo a mim mesma que, independente de quem for, e seja lá qual for sua bagagem de vida, ela merece o melhor, e tenho a certeza de que assim como eu, ela pode ter e, com certeza terá, momentos difíceis, mas logo será possível ver e aproveitar as coisas boas que acontecerão. 

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