Pela janela da vida
Jhúlia Lopes. Ciências Sociais
Sentada na minha
janela eu vejo o trem chegar. Ele vem mais cheio do que nunca, dele descem
pessoas, e cada uma delas leva consigo sua bagagem e com ela a sua história
para contar, assim como eu também carrego a minha, e você a sua, seja ela feliz
ou triste, sempre temos algo para contar!
Eu não sei
classificar a minha história, ela teve seus momentos de tristeza, quando decidi
desistir de tudo, mas ao mesmo tempo em que coisas ruins aconteciam, eu recebia
coisas maravilhosas, como se de algum jeito me incentivassem a não desistir.
Eu sou médica, e
por passar muito tempo em hospitais, acabo aprendendo todos os dias com meus
pacientes e colegas de trabalho. Tenho situações difíceis no trabalho, como por
exemplo, decidir em poucos segundos o que fazer com um paciente em estado grave,
e as consequências disso pode levá-lo a óbito. É claro que também tem o lado
bom disso, é extremamente gratificante poder salvar vidas e ajudar quem mais
necessita.
Em um dia cheio
na emergência, no qual o caos tomava conta do lugar, logo após uma balsa
naufragar, eu tinha que fazer o meu trabalho corretamente e o mais rápido que
conseguisse, já que a cada minuto que passava a nossa unidade de trauma ficava
mais cheia. E é lá, em meio a confusão que mais uma vez reflito: Qual é a
história de todos os que passam por aqui? Eu vejo o desempenho dos meus colegas
ao tratar cada paciente, que por sua vez está desesperado, procurando por seus
filhos, cônjuges ou pais, e não se dão conta de seu estado, por mais crítico
que possa vir a ser.
Com esse
pensamento eu me desligo de tudo que está ao meu redor e prometo a mim mesma
que, independente de quem for, e seja lá qual for sua bagagem de vida, ela
merece o melhor, e tenho a certeza de que assim como eu, ela pode ter e, com
certeza terá, momentos difíceis, mas logo será possível ver e aproveitar as
coisas boas que acontecerão.
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