domingo, 1 de novembro de 2015


PASSAGEIROS

Letícia Suigh Carlos Duarte, Ciências Biológicas

Sentada na minha janela eu vejo o trem chegar, e dele, os passageiros desembarcarem, cada um com suas vidas, seus motivos, seus itinerários, suas preocupações, seus anseios, seus trabalhos, seus problemas, suas famílias. Como será a vida de cada um ali?
Deixo minha imaginação solta vagar longe, criando uma vida só na minha mente para aqueles passageiros. O Casal, à direita, do primeiro vagão, visivelmente recém casados, apaixonados, só têm olhos um para o outro, podem estar em lua de mel, felizes pelo fato de que, agora, viverão juntos para o resto de suas vidas, de todas as vidas, para sempre. Querem aproveitar ao máximo cada minuto ao lado do parceiro, não somente na lua de mel, mas em todos os lugares. Sem pressa e irradiando felicidade, seguem seu caminho.
O Homem, elegante, de terno, saindo do terceiro vagão, pode estar em uma viagem a trabalho, vindo para uma reunião de negócios, traz consigo apenas uma pasta na mão, assim, deduzo que não ficará por mais de um dia. Parece meio perdido, atrasado, já que a todo momento consulta o relógio, pede informações mas não sabe para onde ir. Sua expressão demonstra seriedade, até irritação posso perceber em sua testa franzida. Logo, ainda aflito, toma seu rumo.
Do último salta uma mulher e uma criança, pelas roupas e pouca bagagem, parecem ser muitos humildes. A mãe vem atrás de uma vida melhor, uma oportunidade digna de emprego, para sustentar sua filha. A Menina aparenta ter uns seis anos, miúda que só, necessita de boa alimentação para sanar a desnutrição que invade seu pequeno corpo. Entristece-me olhar as duas, tenho vontade de ajudá-las, de alguma maneira. Oferecer-lhes um abrigo para passarem a noite, boa comida, e um banho, para se prepararem para os desafios que ainda virão.

E é com esta vontade, que obrigo minhas mãos a pararem de escrever este texto, para que, enfim, possa ir até as duas, sanar minha vontade, mesmo que não aceitem, ou que a história delas não seja nada do que imaginei, podem estar apenas visitando familiares, quem sou eu para deduzir ou saber a história delas? De todos ali? Só sou curiosa e corajosa o suficiente para dar assas à minha imaginação, que atrevida, se aventura na vida daqueles passageiros.

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